Realidades irreais


Iggy anda meio desaparecido. A última vez que o encontrei, estávamos numa estação de Londres. Todavia, ele pareceu assustado quando notou a minha presença, mesmo que eu estivesse a algumas plataformas de distâncias. Ainda tentei correr para alcançá-lo, contudo, logo ele desapareceu no meio da multidão como uma simplória alucinação. Fiquei sozinho, somente observando o local onde havia o avistado. Sozinho no meio da multidão, apenas com meus confusos sentimentos e indagações que insistiam em me atormentar. 
Rendendo-me as inquietações, resolvi visitá-lo para conseguir alguma explicação sensata para aquela situação confusa. Cheguei a sua residência, mas estava completamente vazia, assim deixei as flores que havia levado sobre a bancada da cozinha. Ainda percorri por todos os locais, mas não encontrei nada e nem ninguém, somente aquele terrível silêncio predominando. 
Cansado, resolvi ficar esperando no sofá de sua sala de estar. Tateando os bolsos de meu moletom avermelhado, encontrei um pacote de rosquinhas e comecei a comer enquanto passava o tempo. Definitivamente, eu não iria embora sem antes falar com o Iggy.
Enquanto comia, sentia-me observado. Lembrando-me de uns games de terror, os calafrios aumentavam, mesmo que eu tentasse me convencer que eram apenas sensações cultivadas pelo meu psicológico. Continuei comendo, quando um coelho acinzentado caiu sobre meu colo, quase fazendo cessar as minhas pulsações cardíacas.
Assustado, somente segurei o bichano sonolento com minha mão esquerda, mas um pó colorido começou a cair sobre mim e quando olhei para cima, várias pequenas mocinhas coloridas voaram tentando se ocultar nos móveis. Ainda estapeie minha testa com a mão direita, tentado recobrar a consciência, mas o gorducho coelho continuava me encarando de maneira fofa. Era algo inacreditável, onde eu não conseguia arranjar uma explicação razoável para aquele acontecimento. 
- Senhor, você pode me dar um pedaço do seu alimento? – Perguntou uma voz fininha, vinda de uma fada azulada que pousou no braço esquerdo da poltrona que eu estava sentado. 
- Claro que sim. – Respondi, colocando o coelho sobre meu colo e entregando-lhe uma rosquinha, contudo, rapidamente, uma fada acinzentada segurou a minha mão, sendo que ela saiu de trás da estante de livro, aparentemente furiosa. 
Eu ainda tentei lutar e entregar um pouco de comida de verdade para aquela criatura que deveria sofrer muito vivendo com o Iggy, mas a fada acinzentada era bastante persistente. 
- Você não deve aceitar comida de estranho, Iris. Apenas pegue este coelho e prossiga com seu serviço. 
- Mas este coelho é muito pesado para esta coitadinha. – Comentei, colocando a rosquinha no saco e segurando o bichano novamente. – Como herói, ajudarei vocês a realizarem esta tarefa. 
A emburrada cinza, apenas bufou pela boca, parecendo aceitar e se distanciando para próximo da televisão antiga, tão antiga que ainda ficava dentro de uma caixa de madeira. Retirando novamente a rosquinha do saco, entreguei a doce fadinha azulada que segurou e comeu em uma mordida só, mesmo que o material tivesse o triplo de seu tamanho. Acariciando o coelho, ela comentou preocupada:
- Ultimamente, tem muitas criaturas atravessando pela caixa de madeira... Deve estar acontecendo algo errado no reinado de espadas. 
- Mas ainda bem que o senhor vai para lá porque já arriscamos demais nossas vidas... – Completou a fada acinzentada, após ligar o televisor que ainda ficou um pouco chuviscado, mas logo começou a passar imagens de coisas medievais.
“Arriscaram a vida?” Engoli a seco, apesar de estar animado pela aventura desconhecida que aparentava estar surgindo. As imagens pareciam aumentar o tamanho e fugirem para fora do televisor, deixando-me cativado, mesmo que não fosse interessante, eu não conseguia parar de observar. 
As fadinhas desapareceram e uma intensa luz colorida tomou conta de todo o cômodo da casa do inglês, obrigando a fechar os olhos, numa tentativa de proteger a minha visão da inesperada claridade. 
Os pássaros cantavam bastante, e quando reabrir os olhos estava em um imenso salão que continha muitas armaduras alinhadas e um tapete vermelho que finalizava na poltrona que eu estava sentado.
Impressionado com a situação, resolvi levantar-me e explorar aquele local magnífico. O coelho saltou de meu colo, saindo correndo como se já estivesse familiarizado com tudo aquilo. 
- Obrigado, jovem. – Agradeceu, colocando-se sobre as duas pernas e saindo caminhando como um nobre senhor.
- Meu rei, não deveria deixar os animais passeando dentro do reino. – Disse um soldado que lembrava meu inimigo búlgaro, só que ele utilizava roupas azuladas com alguns símbolos como os contidos na carta de espada dos baralhos. Olhando para mim, perguntou confuso e erguendo a sobrancelha esquerda. – Por que você está vestido assim? Isto não é roupa que um rei usaria. 
Olhei para o meu moletom vermelho e calça jeans, sem compreender sobre o que o rapaz estava falando. Notando meu desconhecimento, o rapaz ficou mais confuso e continuou:
- Você não se lembra de ser o rei de espadas? 
- Claro que sim. – Menti, expressando um enorme sorriso animado quando avistei o Tony entrando no salão. – Agora, deixe-me sozinho com o Tony.

O soldado partiu desconfiado, deixando-me sozinho com meu querido amigo que me explicou sobre os acontecimentos. Ele que trouxe o aparelho para que eu pudesse estar informando a todos sobre o que está acontecendo. Agora, estou indo trocar de roupa porque sou o rei de espadas e preciso estar vestido como tal. 

2 comentários:

  1. Fadas? TV? Reino? WTF, vou ir ler as outras postagens e ver que tipo de dorga tá acontecendo õo"

    ResponderExcluir
  2. pois eh

    Acho que foram as influências britânicas =/

    ResponderExcluir